Higienópolis e a ostentação de arquitetura de primeira linha comparada às outras regiões

_Lucas Ferreira Rosa

Dentre os bairros mais conhecidos de São Paulo existe Higienópolis, um dos mais antigos da cidade, cujo nome se deve ao fato de ser o primeiro bairro da cidade a dar prioridade ao saneamento básico e à higiene doméstica. Localizado no centro, é habitado pela população de classe média e alta paulistana.

Higienópolis foi frequentado pela alta sociedade desde sua fundação em 1895 (início do loteamento), por isso sempre atraiu o que havia de mais novo no mundo artístico. Dentro das ramificações da arte, a arquitetura não ficou de fora: do eclético ao moderno, a região possuiu diversos estilos arquitetônicos.

Com o aumento da verticalização nas construções, arquitetos começaram a projetar edifícios espetaculares que envelhecem como vinho tinto nas ruas de Higienópolis. Alguns dos principais arquitetos renomados, como Vilanova Artigas, Rino Levi, Franz Heep, Jacques Pilon, Artacho Jurado, Victor Reif e Abrahão Sanovicz, Alberto Botti, Marc Rubin e Álvaro Puntoni deixaram suas assinaturas no bairro através de projetos impecáveis.

O principal motivo para esses arquitetos projetarem na região foi o interesse do mercado imobiliário em contratar profissionais acima da média para enraizar nos lotes do bairro obras de arte, no qual os moradores pudessem viver bem e os transeuntes apreciassem o passeio pela cidade - posto que naquele período já era comum projetos com fachada ativa, fruição pública e ausência de recuos.

Com o passar dos anos, por motivos não aparentes, o mercado imobiliário ao invés de preservar fachada ativa, fruição entre outros tópicos passou a ignorá-los e começou a criar de forma fordista, aqueles monstros de cor estrogonofe enfeitados com vidros esverdeados e rodeados por grades com lanças no topo, como se fossem fortalezas medievais - os chamados condomínios cidades.

Não sabemos até quando isso vai durar. Mesmo com excelentes profissionais atuando no mercado, ainda existem pessoas que projetam condomínios cidades, que assassinam as calçadas e a vida urbana, e que ousam se intitular arquitetos e urbanistas.