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São Paulo se transformou em um grande canteiro de obras

Foto do escritor: BARDI FAUDBARDI FAUD

_Beatriz Rolim


Durante a pandemia, diversos setores da economia foram prejudicados, mas ao contrário dos outros, o setor de construção civil não foi afetado com tanto impacto na capital paulista, sendo, na verdade, uma seção em ascensão.


Em São Paulo, o número de lançamentos de moradias verticais cresceu 106,5% de 2020 para 2021, aumentando 49% em relação a 2019. A cidade tornou-se um grande canteiro de obras, seja a região que for, com certeza, haverá um novo prédio residencial em construção.


O fato se deve aos projetos pensados antes mesmo da pandemia, logo após a Lei de Zoneamento de 2016, que deu abertura para novos empreendimentos perto dos eixos estruturantes de transporte público, justamente por facilitarem as dinâmicas entre as pessoas e a cidade, assim como são imprescindíveis para o dia a dia da maioria dos trabalhadores paulistanos.. Com isso, as empresas planejaram e compraram os terrenos por volta de 2018, para terem seus projetos aprovados em 2019.


Acontece que, com o isolamento social e a grande quantidade de tempo dentro de casa, novas demandas foram geradas e a vontade de mudança programática nas residências aumentou, desde ter cômodos separados para lazer, trabalho e descanso ou espaços maiores e mais confortáveis para a realização das tarefas e convívio com a família, até mudar de uma casa para um apartamento, buscando maior segurança.


Isso explica, além do aumento das construções, o aumento das vendas das mesmas. As famílias, bem como investidores, aproveitaram a baixa dos juros para financiamentos que ocorreu durante o ápice da crise (agosto de 2020 e março de 2021) para comprarem seu imóvel. Com toda essa movimentação, foi constatado que hoje em São Paulo há mais pessoas morando em apartamentos do que em casas.



Mesmo com a alta dos valores de materiais e mão de obra, o mercado imobiliário segue sendo fomentado e direcionado para àqueles que podem pagar por ele, por isso, São Paulo segue sendo adensada e verticalizada.


Essa concentração em uma metrópole já era de se esperar, e por um lado é positiva para a economia elitista da cidade, pois diminui os gastos do poder público com infraestrutura. Porém, é também um fator determinante para a distribuição da população: Aqueles que não possuem renda o suficiente para morar nos novos edifícios verticalizados são expulsos para as regiões mais afastadas, já que essas edificações valorizam as áreas e encarecem os preços, tanto das terras quanto de todas as atividades da região.


Visto isso, é perceptível que a falta de políticas públicas bem estruturadas exclui a possibilidade de famílias com menor poder aquisitivo adquirirem moradias dignas, principalmente na região central da cidade, onde há maior interesse, tanto dos trabalhadores, quanto do mercado, que não contempla todas as classes sociais em seus projetos.

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